sábado, 22 de novembro de 2014

UM VÍCIO CHAMADO CARINHO




Se o carinho fosse cultuado como um "vício" dignificante por todos, não haveria tanta maldade no mundo. Quem iria agredir alguém cheio de amor e carinho para dar?

Conheço muitas pessoas tão parcimoniosas no afeto que se assustam quando alguém as "ataca" com um gesto afetuoso. Quando oferecem um ósculo (não é um palavrão, é o primo irmão de beijo), o gesto mais próximo do carinho é um automático e rápido encosto no rosto do acariciado.

Para mim, abraçar tem que ser um abraço efusivo, acintoso, carregado de força emocional. Como se mil braços macios e aconchegantes envolvessem o enlaçado. Ou se, no gesto simples de abrir os braços para abraçar, estivesse também abraçando a natureza e tudo o que de maravilhoso nela existe.

Beijar, se na boca, tem que ser, preferencialmente, de língua, ou acintosamente pleno de paixão, como se fosse o último a ser compartilhado. Se o beijo for nas faces, não o aceito se não agregar a ele um estalo pleno de emoção. Não gosto daqueles beijinhos sociais, quando as pessoas, encostando a face na face do cumprimentado, fazem a boca articular desagradáveis muxoxos. (Também não é palavra de baixo calão. É aquele jeito de se tocar a língua entre os dentes ou lábios batendo nos lábios e se ouvir um tchetchetchetche ou bchtebchetbchet!)
Tais beijos nada representam para mim. Se tenho que beijar, beijo meeeeesmo com tudo a que o par, seja homem ou mulher, tem direito.

Se vou demonstrar o quanto quero bem a alguém, extravaso nos gestos. Abraço-o com a mesma emoção que abraçaria um filho. Não sou econômica no afeto, única coisa interessante que posso oferecer em abundância. Equilibro o carinho com o comedimento das palavras, porque exercito a arte de ouvir com o mesmo cuidado com que miserabilizo as palavras, temerosa de melindrar o acariciado.

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